Tenha
Sempre em Mente
Aberto
durante 24 horas, sem um único dia de férias no ano,
o cérebro processa, armazena e redistribui com competência
todas as informações absorvidas pelo homem.
Texto:
Margarete Azevedo
O
que faz a diferença entre os humanos e os demais seres
vivos é uma “caixinha” maravilhosa, que pesam média
um quilo e meio, cerca de 100 bolhões de neurônios ativos;
acinzentadas células nervosas, cada uma com até 20 mil
conexões (dendritos) – opostos a eles, há uma infinidade
de axônios, responsáveis pela condução do impulso nervoso
-, também conhecida como cérebro. Funciona 24 horas
por dia, seja no comando do transporte de milhões de
mensagens entre os seus lados direito e esquerdo; seja
no processo de informação ou no controle de um sistema
de transmissão que emite instantaneamente mensagens
eletroquímicas para cada parte do corpo.
O
cérebro é tripartite. A primeira, na base, também chamada
de cérebro “reptílico”, semelhante aos répteis de sangue
frio, controla as funções instintivas do corpo, como
a respiração. No centro, está o cérebro “mamífero primitivo”,
semelhante aos de outros mamíferos de sangue quente,
que controla as emoções, a sensualidade, e desempenha
papel-chave em sua memória. E, no alto, o córtex, ou
como alguns definem, a massa cinzenta. Nele estão localizadas
em cada sentido (visão, audição, tato, olfato e paladar).
A
informação, por meio de imagem, som, toque, cheiro,
chega a essas regiões enviadas para o hipocampo e amígdalas,
e logo para todo o córtex. Fica ali armazenada até que
vem à tona do consciente, quando é preciso recorda-la.
Nesse momento o córtex, hipocampo e amígdala são acionados,
Segundo o neurologista Paulo Henrique Bertolucci, chefe
do setor de neurologia da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), quando a pessoa tem dificuldade de
fixar novas informações, ele começa a perder a capacidade
de aprendizado.
Desde
o século 17, com os empiristas ingleses, questiona-se
a aquisição de conhecimento por meio dos sentidos –
tato, paladar, olfato, audição e visão -, pois eles
são instrumentos de memória. Alguns cientistas defendem
que todas as espécies herdam geneticamente memória biológica,
algo que tem a ver com instinto de sobrevivência. Essa
idéia,de certa maneira, justifica o fato de não ser
necessário ensinar o bebê a mamar, ou seja, ele já nasce
sabendo!
Estímulos
Corretos
De
acordo com o Practitioner em Programação Neurolingüística
(PNL) e Hipnoterapeuta, Odair José Comin, autor do livro,
Aprendendo na velocidade do pensamento, alguns indivíduos
têm habilidades aparentemente naturais de aprender com
facilidade. “A maneira como eles aprendem é que determina
isso. Entra a questão de aprender pela dor, que remete
ao medo e, por prazer, que faz de qualquer aprendizado
'uma festa'”, comenta.
Muitas
vezes, a dificuldade de aprender está relacionada ao
fato de a pessoa não ter estímulos corretos. “Por exemplo,
um professor transmite uma informação de forma genérica
para um grupo de crianças ou adolescentes que tem realidades
de aprendizado diferenciadas. Nesse contexto, algumas
assimilam com mais facilidade, enquanto outras não.
O professor não está preparado nem para lidar com o
grupo, quanto mais com a individualidade de cada um”,
emenda Comin.
No
aprendizado o mais importante não é o quase vai aprender,
mas a maneira como se aprende. “Quando se fala em aprendizagem
acelerada é por que há uma necessidade de ela acontecer
nessa velocidade. O indivíduo pode não estar utilizando
o seu potencial ou aprendendo de maneira mais lenta
que o normal”, observa o especialista. Frente a essa
realidade, cada um precisa reconhecer os seus limites,
tendo em vista a idéia de unicidade, pois mesmo que
a realidades de muitos seja igual, os estímulos de aprendizado
foram diferentes.
O
primeiro passo a ser dado com pessoas que se queixam
da dificuldade de aprendizado é mapear a sua história
de vida. “Desde como foi realizada a sua aprendizagem
até os atuais assuntos de maior interesse; a partir
daí é possível desenvolver novas estratégias. Por exemplo,
se a dificuldade é aprender um idioma como o inglês,
e ele gosta de cinema, porque não faze-lo através de
filmes?”, diz Comin.
Apesar
da idéia de que a aprendizagem é mais rápida nos primeiros
anos de vida do ser humano, pelo fato do cérebro estar
potencialmente aberto para receber quaisquer informação,
Comin afirma que é possível aprender durante toda a
vida. “Quanto mais adulto, maior a capacidade de absorção
de informações, conexões, articulações de raciocínios”,
acentua. Segundo ele, uma aprendizagem prazerosa na
infância não é o determinante de sucesso na vida adulta.
“Quem apresenta bloqueio em função de aprendizagem indesejável
pode reverter o processo. Caso contrário, a Psicologia
e a Filosofia perderiam todo sentido”, observa o neurolinguísta.
A
aprendizagem indesejável é destacada como um fator importante,
pois dese4mpenha um papel considerável. “caso o indivíduo,
na infância, tenha sido exposto a uma situação vexatória
frente aos colegas de classe, com certeza essa lembrança
tende a originar um bloqueio, ou seja, essa emoção ficará
atrelada a aprendizagem. Isso não significa que ela
possa ser facilmente acessada. É bastante comum permanecer
bloqueada; daí a necessidade de mapear a vida do indivíduo”,
adiciona Comin.
Leitura
Dinâmica
A
pergunta que se faz é: se existe uma aprendizagem acelerada,
e uma forma mais lenta de aprender? Isso é subjetivo
se forem consideradas as potencialidades e ritmos. “A
questão mais importante não é o acelerado, mas a forma
como vai ser conduzido o aprendizado. A pessoa precisa
saber o proquê de aprender um monte de coisas e a finalidade
dessa ação”, explica Comin.
A
leitura dinâmica – método aperfeiçoado nos anos 60 pela
professora primária norte-americana Evelyn Wood (1927-1979)
-, conforme o neurolinguista, é uma das ferramentas
da aprendizagem acelerada, mas se a intenção for se
aprofundar no assunto ela perde a utilidade. “Caso seja
uma palestra, em que a pessoa domine o assunto e precisa
concluir algumas idéias, a leitura dinâmica ajuda a
“amarrar” os conceitos. Na realidade, isso nada mais
é do que pegar idéias superficiais para finalidades
específicas”, observa Comin. “Muitas vezes, a pessoa
está realizando uma leitura dinâmica, mas está odiando
o tema. Como ler muito não significa que se articula
idéias, essa leitura precisa ter profundidade. Existem
milhões de informações, e o importante é ensinar as
pessoas a seleciona-las”, aconselha.
O
mapa mental, desenvolvido pelo pesquisador Tony Buzan,
é outra técnica considerada importante ferramenta da
aprendizagem acelerada. “O objetivo da técnica é resumir
as informações e organiza-las da mesma forma que o cérebro
as codifica”, escreve ele. Para montar um mapa mental,
é preciso lápis,canetas coloridas, papéis e, o tema.
Para cada subtema devem ser traçadas outras ramificações,
cuja finalidade é alicerçar o assunto central. Nesse
método, as idéias devem ser organizadas de forma não-linear,
a exemplo do que ocorre em nosso arquivo de memória.
Desenhos e muitas cores diferentes podem ajudar o cérebro
a reter os conteúdos.
Barulho,
fadiga, estresse e excessos em geral enfraquecem o cérebro.
Portanto, música para relaxar e manter a mente aberta
e alerta para memorizar novas informações. “A música
pode ser usada sempre que o indivíduo precisa de uma
concentração maior, seja para estudar uma tese, memorizar
textos, estudar línguas estrangeiras e outras atividades
relacionadas a aprendizagem”, conclui Comin.